quinta-feira, 13 de outubro de 2011

PITADAS SEGURAS DE SAL


Estudo recente reacende a polêmica de até que ponto o sal faz mal à saúde


Ainda que a dieta ideal para prevenir a hipertensão vá além da redução de sal, não tem jeito: é no condimento que a maioria das pessoas pensa quando se fala na doença que coloca o coração e outros órgãos vitais em risco. E a relação imediata é compreensível. Afinal, nos últimos tempos não faltaram estudos e alertas para reforçar o perigo que o sódio, componente mais famoso do tempero, representa para as artérias. Publicada recentemente na conceituada revista Journal of the American Medical Association, uma pesquisa belga atraiu todas as atenções justamente por ir na contramão afirmando que não há motivos para fazer campanha tão fervorosa contra o mineral.

De acordo com o trabalho, que acompanhou 3 681 voluntários de meia-idade por aproximadamente oito anos, além de não proteger contra o desenvolvimento da pressão alta, o baixo consumo de sódio ainda torna as pessoas mais suscetíveis a doenças cardiovasculares. Contrassenso, a constatação reacendeu o debate sobre a relação entre o uso do saleiro e as mazelas do coração. "Os indivíduos avaliados no estudo eram jovens, predominantemente brancos e sem sobrepeso. Por isso, é possível imaginar que os resultados valem para esse grupo, mas não para a população em geral", comenta Carlos Alberto Machado, coordenador de ações sociais da Sociedade Brasileira de Cardiologia. "Ora, já se sabe que negros, obesos e idosos são mais sensíveis ao consumo do sal."

Já para Frida Plavnik, nefrologista e conselheira da Sociedade Brasileira de Hipertensão, há outro ponto desfavorável à pesquisa: não dá para garantir que a coleta de urina para verificar o nível de sódio excretado pelos participantes foi feita adequadamente. "Essa não é a primeira vez que cientistas chegam à conclusão de que o sal não interfere no aumento da pressão. Mas os trabalhos que mostram o contrário são mais evidentes."

Apesar de concordar que a investigação belga tem pontos falhos, o cardiologista Luiz Aparecido Bortolotto, diretor da Unidade Clínica de Hipertensão do Instituto do Coração, o Incor, em São Paulo, diz que ela é importante: "Isso porque mostra que em determinadas populações o sal não aumenta o risco de problemas cardiovasculares". O xis da questão — e aí fazem coro os especialistas — é que não dá para definir quem é mais sensível ou resistente aos seus efeitos sobre a pressão. "Por isso a recomendação da Organização Mundial da Saúde que prevê um consumo de até 5 gramas diários deve prevalecer", avisa Frida.
Para obedecê-la, não é preciso excluir o sal da dieta. Até porque fazer uma restrição total de sódio, de fato, pode trazer mais prejuízos do que vantagens. "Trata-se de um nutriente importante que participa de diversas funções no organismo, entre elas garantir o funcionamento adequado das membranas celulares e dos nervos", explica Camila Marcucci Gracia, nutricionista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp. O excesso, ele sim, confirma Camila, é o vilão da história.

E, no quesito excesso de sal à mesa, infelizmente o brasileiro tem se destacado. A gente consome cerca de 12 gramas do condimento todo santo dia, ou seja, quase 2,5 vezes mais do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde, a OMS. Quando muito sódio passeia pelo corpo, um dos primeiros efeitos é a retenção de água e, de quebra, um aumento no volume de sangue circulante. As artérias não estão acostumadas a abrir passagem para tanto líquido. Eis por que a pressão exercida na parede dos vasos é intensa (veja o infográfico ao lado). Para piorar, o excesso de mineral também contribui para a constrição desses vasos, reduzindo seu espaço interno. "Com o tempo, a pressão alta pode danificar as artérias de órgãos vitais, como coração, cérebro e rins. Daí, cresce o risco de infarto, derrame e insuficiência renal crônica", explica o nutrólogo Paulo Henkin, da Associação Brasileira de Nutrologia, a Abran.

Para ter ideia de como a situação é séria, o cardiologista Carlos Alberto Machado calcula que, se passássemos a ingerir 5 gramas de sal, o equivalente a 2 gramas de sódio, conseguiríamos reduzir em 15% o número de mortes por derrame e em 10% as por infarto. Além disso, por volta de 1,5 milhão de pessoas ficariam livres de medicamentos para controlar o sobe e desce da pressão. E tem mais: os hipertensos ganhariam quatro anos na expectativa de vida.

Novos riscos para a Saúde

Se não bastassem os motivos para o peito, há outros que reforçam a necessidade de usar o sal com moderação. "Há evidências de que a ingestão exagerada de sódio pode causar pedras nos rins, piorar a resistência ao hormônio insulina, um fator de risco para o diabete do tipo 2, e também contribuir para o surgimento de problemas estomacais, como gastrite e úlcera", diz a nefrologista Frida Plavnik. Por falar em estômago, é válido lembrar que um estudo sul-coreano publicado na revista American Journal of Clinical Nutrition mostrou que uma dieta salgada além da conta está relacionada a um aumento de 10% nos casos de câncer nesse órgão. A conclusão veio à tona após os pesquisadores levantarem dados sobre a alimentação e o estilo de vida de mais de 2 milhões de adultos e submetê-los a exames completos durante um ano. Os mecanismos para explicar esse elo ainda não foram esclarecidos, mas o recado é claro: melhor não abusar.

"Em tese não precisaríamos adicionar sal à comida, porque a quantidade de sódio encontrada naturalmente nos alimentos como frutas, verduras, legumes e carnes já é suficiente para cobrir as necessidades do corpo", conta Henkin. Mas, como nosso paladar está muito habituado ao condimento, o conselho dos especialistas é encarar a redução como um processo. "Não dá para diminuir o consumo em 50% do dia para a noite", reconhece Frida. Para dar o pontapé inicial, uma boa é recorrer à ponta dos dedos, a famosa pitada, para salgar as refeições, uma vez que o saleiro nos deixa mais propensos ao exagero. E atenção: faça isso só depois que o prato estiver pronto. "O ideal, especialmente para os hipertensos, é cozinhar tudo sem sal. Dessa forma, é possível controlar com precisão a quantidade usada durante o dia", ensina Luiz Aparecido Bortolotto, do Incor.

Optar por alternativas como alho, cebola, pimenta e alecrim é um caminho apontado pela nutricionista Camila Marcucci Gracia para satisfazer o paladar sem comprometer as artérias. Ela ressalta, no entanto, que não adianta apenas monitorar o pacote de sal: é preciso ficar de olho nos alimentos industrializados, sabidamente lotados de sódio. "Modere o consumo de bolachas, biscoitos, produtos congelados, embutidos e evite temperos prontos", orienta Camila. Assim, com pequenos ajustes, dá para blindar o corpo contra uma série de males sem perder o sabor e o prazer de cada garfada.

Resistentes versus sensíveis

Estudiosos das Universidades Case Western e Ken State, nos Estados Unidos, revelaram por que a sensibilidade ao sal varia de pessoa para pessoa. É que o tempero afeta a capacidade do sistema cardiovascular de equilibrar a pressão e a temperatura do corpo ao mesmo tempo. Nos sensíveis, a temperatura é controlada com eficiência, mas a pressão sobe. Já nos resistentes ocorre o oposto. "Provavelmente esses mecanismos são determinados geneticamente, sofrendo influência da idade e da composição corporal", diz o cardiologista Marcus Bolívar Malachias, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Composto de menos sódio e mais potássio, o sal light é uma boa opção para quem não tem problemas renais e quer proteger as artérias. Só não vale abusar!

Excesso de iodo?

Para evitar o retardo mental entre as crianças e erradicar o bócio, foi publicada, em 1953, a primeira lei brasileira que estipulava a adição de iodo ao sal — hoje, são encontrados de 20 a 60 miligramas do nutriente a cada quilo do condimento. Mas, devido ao uso abusivo do saleiro, surgiu outra questão: o consumo excessivo de iodo e a maior incidência de uma doença autoimune chamada tireoidite de Hashimoto. Para driblar a encrenca, o governo federal defende um valor entre 15 e 45 miligramas. "Mas a medida pode prejudicar quem consegue maneirar no tempero, sobretudo quando o organismo precisa de maior aporte de iodo, como na gravidez", critica a endocrinologista Laura Ward, de São Paulo.

MILAGRES PARA EMAGRECER


Você é uma das milhões de pessoas que entrará em dieta esse ano? Se for, poderia achar tentadores os anúncios de produtos prometendo métodos fáceis e rápidos de emagrecer. Porém, você deve saber que, quando se trata de emagrecimento, as propagandas milagrosas geralmente não cumprem suas promessas.


Enquanto algumas pessoas que fizeram dieta para emagrecer tiveram sucesso em perder peso, provavelmente somente 5% não irão engordar novamente a longo prazo. A maioria dos especialistas concorda que a melhor forma de emagrecer é ingerir menos calorias e queimar mais energia ao aumentar a atividade física. Especialistas sugerem buscar uma meta de perda de peso de 450 gramas por semana. Isso geralmente significa cortar em torno de 500 calorias diárias da sua dieta, ter uma alimentação saudável com pouca gordura, encontrar uma atividade física que goste, e perseverar com isso.

Quando se trata de avaliar as promessas dos produtos para emagrecimento, o Federal Trade Commission (órgão americano que age sobre questões do direito do consumidor) recomenda uma porção sadia de ceticismo.

Antes de gastar dinheiro em produtos ou programas que prometem emagrecimento rápido ou fácil, pese as promessas e leve em consideração essas dicas:

"Perca 15 kg em apenas 30 dias." Como regra, quanto mais rápido você emagrece, mais susceptível estará de recuperar o peso perdido. Além disso, perda de peso rápida pode fazer mal à sua saúde. A menos que seu medico o aconselhe a isso, não procure programas que prometem perda de peso rápida.

"Emagreça tudo que puder por somente R$ 99,99." Alguns programas para emagrecimento têm custos ocultos. Por exemplo, alguns não anunciam o fato que você deve comprar suas refeições que custam mais do que o preço do programa. Antes de ingressar em qualquer programa para emagrecimento, pergunte por todos os custos e anote-os por escrito.

"Emagreça dormindo." Afirmações de produtos de dieta e programas que prometem emagrecimento sem esforço são falsas.

"Emagreça e não recupere o peso perdido." Seja cético em relação a produtos prometendo emagrecimento de longo prazo ou permanente. Para perder peso e não engordar novamente, você precisa mudar seus hábitos alimentares e de atividade física.

"Joana da Silva perdeu 40 kg em 6 semana." Não seja enganado pelos testemunhos de emagrecimento de outras pessoas. Mesmo que eles sejam verdadeiros, o sucesso de outras pessoas pode ter pouca relação com suas próprias chances de sucesso.

"Descoberta científica... Milagre médico." Não há milagres nos produtos para emagrecimento. Para emagrecer, você tem que reduzir sua ingestão de calorias e aumentar sua atividade física. Fique cético em relação a promessas exageradas.

ATIVIDADE FÍSICA NA GRAVIDEZ


Antigamente, os médicos desaconselhavam a prática de atividade física em gestantes por achar que poderia ser prejudicial para a saúde da mãe e do feto. Somente em meados dos anos 90, que o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) reconheceu que a prática da atividade física regular no período gestacional deveria ser desenvolvida desde que a gestante apresentasse condições apropriadas.

O período gestacional é único, na qual a mulher grávida apresenta mudanças físicas, fisiológicas e psicológicas que devem ser consideradas para que essa fase ocorra da maneira mais saudável e tranquila possível.




Especificidades da gravidez

O conhecimento das modificações físicas e fisiológicas que ocorrem no corpo da mulher durante esse período é de vital importância para que se possa escolher o exercício e saber quais cuidados devem ser tomados para que não ocorram lesões ortopédicas e musculares, desconfortos para a gestante e não prejudicar o desenvolvimento fetal.

A partir da décima semana, ocorre um aumento do volume plasmático. Essa alteração amplia o fluxo cardíaco e volume sistólico, causando, no sexto mês, um aumento da freqüência cardíaca de até 15 BPM. Esse aumento na FC que pode vir acompanhada de batimentos irregulares, podendo ser necessário em algumas mulheres supervisão durante o exercício.

A bexiga começa a ficar pressionada entre o segundo e terceiro trimestre, devido à acomodação do feto na região pélvica. Como a bexiga apresenta menor volume, a gestante tem a necessidade constante de urinar. A gestante deve sempre urinar sempre que tiver vontade para evitar infecções na bexiga.

Outro fator importante a ser considerado durante a gravidez é a ocorrência da hiperlordose. Essa alteração na postura da mulher é causada pela ação da relaxina, um hormônio que inibe a atividade uterina e que provoca também hiper-relaxamento ligamentar e articular. Pode surgir hérnia de disco e dores nas costas por conta do excessivo esforço das fáscias musculares, sendo, portanto, um fator negativo ficar por longo tempo em pé em posição fixa ou carregar pesos.

Os níveis glicêmicos da gestante devem ser monitorados, para que não ocorra uma condição típica da grávida: a diabetes tipo II. A resistência a insulina trás como conseqüência o aumento de peso do bebê além de outros males para a saúde da gestante. Exercícios físicos podem prevenir o problema.


Tipos de atividade física

Os exercícios para gestante devem incluir a combinação de atividades aeróbias envolvendo grandes grupamentos musculares e atividades que desenvolvam a força de determinados músculos. Acredita-se que uma musculatura abdominal forte possa ajudar no processo de expulsão da criança. A força muscular dos membros superiores é também muito importante para, após o nascimento, carregar o bebê que aumenta cada vez mais o seu peso.

A escolha de um programa de exercícios dependerá das preferências da mulher e dos recursos disponíveis. Mas para mulher grávida existe uma série de atividades físicas convenientes e benéficas pelo baixo risco a saúde, outras de risco médio que só poderão ser realizadas tomando certas precauções e outras que definitivamente são totalmente contra-indicadas. É indicado o início dessas atividades após o terceiro mês de gravidez, para evitar possíveis más formações fetais.




Atividades de Baixo risco

Exercícios de baixo risco são indicados para mulheres previamente sedentárias que estão iniciando o programa de exercício durante a gravidez. Elas podem ser realizadas de 2 a 3x por semana com duração de até 60 minutos.

A hidroginástica e a natação apresentam como benefícios um menor estresse articular, além de ter efeito diurético, devido ao aumento da pressão hidrostática, que tem entre os efeitos o aumento da ação renal. A grávida deve evitar fases anaeróbicas (períodos de curta duração e alta intensidade), a exaustão e a fadiga, manter sempre a hidratação, mesmo sem sentir sede e verificar se o ambiente está com a temperatura do ar e da água ideal para a prática.

Já a caminhada é um exercício simples, que melhora a capacidade cardiorrespiratória e tem um menor impacto articular que a corrida. Os cuidados devem incluir a escolha do terreno, evitando caminhar sobre terrenos irregulares, manter a hidratação, bebendo água e intervalos regulares, evitar altas temperaturas e roupas quentes e pesadas e utilizar calçados de boa qualidade, com bom amortecimento.

A mulher já habituada a correr antes da gravidez pode continuar seu programa modificando a intensidade e velocidade à medida que a gestação avança


Atividades de Médio Risco

Neste grupo estão incluídas atividades como a ginástica aeróbica, musculação, os esportes de raquete (tênis, squash) e esquiar ou patinar.

Para a prática da ginástica aeróbica de baixo impacto, a grávida deve ser previamente condicionada, e deve evitar exercícios de hiper-extensão e atividades em posição de costas, procurar manter a hidratação e evitar ambientes sem ventilação adequada.

Já a musculação deve ser vista com cautela. Seus benefícios são muitos, entre eles citamos a melhoria da postura, evitando a lombalgia, os ganhos de força dos membros superiores e a melhoria da força dos membros inferiores, necessária para sustentação do peso corporal sem ocorrer fadiga. Mas deve-se evitar cargas intensas, mesmo para as condicionadas previamente, não prender a respiração durante a execução do exercício (manobra de Valsava), ter cuidado constante com a postura, hidratar-se corretamente e evitar ambientes sem ventilação adequada.

Nos esportes de raquete a intensidade deve diminuir com o progresso da gestação. Esquiar ou patinar não devem ser indicadas para iniciantes e nas atletas deve ser evitada a competição. Outro cuidado importante consiste em ao efetuar os alongamentos após os exercícios não exagerar na amplitude de movimento, pois como as articulações e ligamentos encontram-se relaxados, há o risco de lesões musculares e ligamentares.


Atividades de alto risco

As atividades consideradas de alto risco devem ser monitoradas pelo médico ou evitadas nesse período, pelo risco físico e sobrecarga cardiovascular.
A gestante deve evitar qualquer atividade competitiva, artes marciais ou levantamento de peso; flexão ou extensão profunda, pois a frouxidão dos tecidos conjuntivos pode acarretar lesões ligamentares; exercícios com movimentos repentinos ou de saltos, pelo risco de lesão articular; evitar a prática do basquetebol e qualquer outro tipo de jogo com bola, que podem causar trauma abdominal; não praticar mergulho, pois as condições hiperbáricas levam a risco de embolia fetal quando ocorre a descompressão; e evitar a prática de exercícios na posição supino após o terceiro trimestre, que pode resultar em obstrução do retorno venoso.

As contra-indicações absolutas para a prática de exercícios físicos agregam as gestantes que apresentam:

- doença cardíaca com alterações hemodinâmicas significativas,
- doença pulmonar restritiva
- multípara com risco de prematuridade
- placenta prévia depois de 26 semanas de gestação
- ruptura de membranas
- sangramento uterino persistente no segundo ou terceiro trimestre

Mulheres que possuem alguma ou mais patologias apresentadas abaixo não podem praticar exercícios aeróbicos e qualquer outra atividade deve ser monitorada pelo médico:
- anemia
- arritmia cardíaca materna
- diabetes Mellitus tipo I não controlada
- bronquite crônica, obesidade mórbida
- baixo peso com Índice de Massa Corporal inferior a 12
- estilo de vida extremamente sedentário
- retardo no crescimento intra-uterino na gestação atual,
- hipertensão mal controlada
- limitações ortopédicas
- tabagismo
- hipertireoidismo não controlado.

Toda grávida, salvo contra-indicações citadas, pode se beneficiar de um programa de exercícios. Sendo bem orientada por um profissional da área e com acompanhamento médico, os exercícios durante a gravidez são um ótimo aliado, tanto para minimizar os efeitos indesejados da gravidez como para a própria saúde da mãe e do feto.