sexta-feira, 11 de junho de 2010
MUSCULAÇÃO NA DOSE CERTA PARA CICLISTAS
Muitos ciclistas ainda duvidam da eficácia da musculação no treinamento. Por muito tempo se acreditou que a musculação traria mais prejuízos que benefícios para nós, ciclistas. Entretanto, com o avanço das pesquisas na área de fisiologia do esporte, hoje o treinamento com pesos é visto com outros olhos.
Atletas da elite do ciclismo mundial fazem uso da musculação como uma forma de preparação e reforço dos músculos no início da temporada. Em especial aqueles ciclistas que vivem no hemisfério norte, onde o inverno é rigoroso e o treino de estrada é impraticável.
É preciso deixar bem claro que o objetivo de um ciclista não é o mesmo que de um fisiculturista que quer ganhar grande volume de massa muscular. Para o ciclista – e também o triatleta e o mountain biker – o importante é construir fibras musculares com boa qualidade para agüentar os treinamentos e as provas durante o ano todo.
Um ciclista muito musculoso é um ciclista pesado e vai ter mais trabalho nas subidas. É importante observar que um ciclista não deve ter uma área frontal – tórax e braços – muito desenvolvida, para ser mais aerodinâmico. Quanto mais longilíneo, melhor.
MELHORES FIBRAS
Ainda não há estudos que digam com precisão o quanto um ciclista pode melhorar com a musculação, mas uma coisa é certa: quando bem dosada a musculação somente trará benefícios ao atleta do ciclismo. Alguns autores norte-americanos afirmam que um ciclista, quando bem orientado no treino de musculação, pode ter uma melhora de até 10% em sua performance. Nada mal!
Wilson Germano, ciclista, professor de Educação Física, fisioterapeuta e introdutor do Ciclismo Indoor no Brasil, aconselha: “Ciclistas já têm um trabalho contínuo em cima da bike. O estímulo para os membros inferiores é diário”. Germano afirma que um bom trabalho de musculação voltado para cicistas deve procurar melhorar a qualidade das fibras musculares e ao mesmo tempo aumentar a resistência muscular localizada para suportar um grande volume de treinos e as provas mais duras.
“É impossível separar o corpo”, afirma. O programa de musculação não deve negligenciar os membros superiores, afinal braços, abdômen, lombar e ombros, são responsáveis pela sutentação do biker sobre a bicicleta.
Se no hemisfério norte os ciclistas se preparam na academia durante o inverno, no Brasil a situação é semelhante. Do final de novembro, até meados de fevereiro e início de março, as competições são bem escassas e um ciclista esperto pode aproveitar estes meses para se dedicar à musculação. “Um atleta de ponta pode fazer uma pré-temporada de musculação e, mais tarde, no meio da temporada, se estiver ocorrendo uma fadiga na musculatura, ele pode fazer novamente o trabalho de musculação. Vai do calendário de cada atleta”.
Atletas iniciantes podem fazer musculação o ano todo, sempre com muito critério e tendo em mente que exercícios com peso na academia servem para melhorar a qualidade das fibras musculares. Seu objetivo é ser um ciclista melhor e não hipertrofiar músculos para a satisfação de seu professor. O ciclista deve ter manter sempre o foco no ciclismo como objetivo principal.
ALONGAMENTOS
Um fato que muitos ciclistas que treinam musculação reclamam é a sensação de “enrijecimento” da musculatura. Normalmente esta sensação é sintoma da falta de alongamentos adequados. Procure seguir as dicas do seu professor e faça sistematicamente os exercícios de alongamentos recomendados. “Não adianta simplesmente fortalecer e dar resistência à musculatura. A musculatura, quanto mais alongada, mais aporte sanguíneo vai proporcionar ao músculos. E, quanto mais encurtada, mais suscetível a lesões.”, ensina Germano.
A MUSCULAÇÃO
A indicação do treino de musculação começa com uma conversa onde o futuro aluno vai expor suas necessidades ao professor. Um treino de musculação para um ciclista escalador da elite é diferente de um treino destinado a um piloto de BMX. Só para exemplificar: um piloto de BMX precisa de um treino específico para uma competição que dura em média 1min40s e que é de grande explosão. Já um ciclista escalador vai competir em provas que chegam a durar seis horas e atravessam altas montanhas.
O segundo passo é indispensável: uma boa avaliação física que vai coletar os seguintes dados: VO2 Max do aluno, contração muscular, qualidade da fibra muscular, percentual de gordura, índice de alongamento etc. Germano aconselha que se faça uma outra avaliação física após três meses de trabalho de musculação para uma reavaliação do aluno.
Com os dados da avaliação na mão é hora de ir para a sala de musculação e determinar a quantidade de exercícios. Para isso, o aluno é submetido a um teste de carga máxima que vai determinar a carga (os pesos) e o número de repetições dos vários exercícios.
Como o objetivo é melhorar a qualidade das fibras musculares e aumentar a resitência muscular Wilson Germano recomenda um número maior de repetições e uma carga de trabalho por volta de 60-65 % da carga máxima suportada pelo aluno. “Eu recomendaria de 4 a 5 séries com 15 a 20 repetições para cada exercício”.
GRUPOS MUSCULARES
Obviamente, ciclistas usam principalmente os músculos dos membros inferiores para fonte de tração. Desses, os quadríceps, são os mais exigidos em uma pedalada. Os quadríceps (quadri = quatro e ceps = cabeça) são formados por quatro músculos: vasto medial, vasto lateral, vasto intermédio e reto femural.
Os quadríceps fazem a extensão do joelho e são responsáveis pela fase de aceleração da pedalada [quando empurramos o pedal para baixo]. Isso representa cerca de 39% do trabalho total do ciclo do pedal. Os extensores do quadril, que também ajudam na fase de aceleração, representam 27,7% do trabalho total do ciclo do pedal. Os músculos flexores do tornozelo e do joelho representam 20 e 10%, respectivamente, do trabalho da pedalada.
São estes músculos que terão maior atenção no trabalho de musculação, sem esquecermos do tronco e dos membros superiores: lombar, abdômen, braços e ombros.
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