A síndrome da dor ou desordem fêmoro-patelar acomete tanto os corredores que o diagnóstico das também conhecidas como condromalácia patelar, instabilidade patelofemoral ou tendinite patelar ganharam o apelido de “joelho de corredor”. Trata-se de dores nos joelhos, resultado de degeneração da cartilagem atrás da patela (ou rótula), em contato com o fêmur (osso da coxa). O apelido só não faz justiça porque a incidência também é grande entre jogadores de futebol, tenistas e ciclistas.
A dor, em pressão ou agulhadas, nasce no início da corrida — e também ao escalar, agachar, enfrentar escadas ou simplesmente permanecer sentado por cerca de 30 minutos (no cinema, por exemplo). A partir daí ela pode ser entendida como estágio inicial de um problema patelofemoral, depois que uma sobrecarga na atividade física, com extensão e flexão dos joelhos (musculação com aparelhos, step, agachamentos etc.), causou reações infamatórias e danos estruturais às articulações dos joelhos — um trauma crônico por fricção entre a cartilagem que protege a patela e os sulcos no fêmur (côndilos).
A condromalácia (condro: cartilagem e malácia: doença) significa exatamente o amolecimento dessa proteção na patela, o que aumenta a compressão entre esses ossos durante o movimento, causando irritação e dor.
Isso acontece porque o joelho já foi exposto a exageros nas corridas ou em outras atividades que provocaram microtraumas por repetição. Ou porque, já fora de seu movimento normal (em instabilidade ou lateralização), o conjunto articular sofre com o desequilíbrio de forças entre os músculos laterais e mediais da coxa, e também por causa do chamado joelho para dentro (valgo) — diagnosticado de oito a dez vezes mais em mulheres, por causa do osso do quadril mais largo.
A condromalácia patelar apresenta diferentes estágios, conforme o grau de degeneração da cartilagem: amolecimento, fragmentação ou fissuras, até a erosão ou perda total. Por isso há necessidade de consulta clínica imediata, ainda no início das dores. Se o atleta insistir, as fissuras na cartilagem podem expor os ossos à fricção, aumentar consideravelmente as dores e causar inchaço no joelho afetado. O tratamento cirúrgico é o último recurso, pois causará limitação da atividade esportiva.
Causas
• trauma por fricção crônica de força excessiva aplicada ao joelho
• evolução agressiva dos treinos e insistência em atividades com dor
• joelho valgo, conformação do quadril no sexo feminino, pronação acentuada dos pés, tênis inadequados
• trauma por impacto local ou estágio precoce de artrose
Sintomas
• dores acentuadas, à frente e ao redor do joelho, ao correr, subir e descer escadas ou agachar
• estalos ou crepitação, audíveis, ao esticar ou flexionar o joelho
• dor ou ardência ao permanecer com o joelho flexionado por cerca de 30 minutos
Tratamento
• interrupção da corrida e repouso
• gelo, anti-inflamatórios, analgésicos e fisioterapia para redução da dor e regeneração dos tecidos
• fortalecer toda a musculatura da coxa, em particular o quadríceps e os internos da coxa (vasto medial e oblíquo)
Prevenção
• com dor, interromper a corrida e buscar tratamento
• reforçar músculos para equilibrar forças na corrida
• manter fortalecidos a panturrilha, o posterior, a lateral e o quadríceps na coxa
• fazer alongamentos nos dias sem corrida
• evitar manter o joelho flexionado a mais de 90 graus
• manter peso relativo à altura, atenção à corrida em declives e ao uso de tênis corretos e até de salto alto
• observar boas condições de uso dos tênis de corrida e seu tipo de pisada
Retorno à corrida
• após equilibrar a força das pernas compor meio de musculação
• quando não mais sentir dor ao:
- dobrar os joelhos ou esticar completamente a perna
- caminhar e correr em linha reta, com viradas acentuadas e em “8”
- pular com o joelho tratado ou com ambas as pernas
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