Aquele osso saltado na lateral do pé que incomoda e sempre dói quando se
está com um sapato fechado durante um tempo. Sabe do que se trata? Se
você pensou em joanete, está certo. Muitos reclamam desse "dedo a mais",
principalmente os atletas. Coincidência ou não, as mulheres são as mais
prejudicadas porque, além do tênis, adoram um salto alto.
Joanete é causado pelo desvio do primeiro osso do dedão
De
acordo com a ortopedista Ana Paula Simões, membro titular da
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, o hálux valgo,
conhecido como joanete, não é um osso que cresceu ou que surgiu, mas sim
um desvio do primeiro osso metatarsiano (no dedão) que se expressa como
uma saliência na região de dentro do pé, causada por questões genéticas
ou mecânicas, como o uso de calçados inadequados. Consequentemente,
também gera o
crescimento das falanges.
- O joanete altera a pisada pela dor que causa ou pela própria
desestruturação que o pé adquire com o impacto e o uso de sapatos. O
osso deforma e muda a base do apoio final, podendo até sobrecarregar o
segundo dedo, gerando uma metatarsalgia de transferência (dor na face
plantar central do pé) e até mesmo levantar o dedo, formando o dedo em
figa - explicou a ortopedista.
Joanete é a alteração óssea de pé mais comum entre os adultos
Se o desvio e a saliência não causam dor, é possível praticar atividades físicas normalmente. A questão é proteger a
região para a deformidade não piorar e fazer um bom trabalho de
fortalecimento muscular. Se causarem dores, é preciso tratar.
- Fisioterapia para tentar aliviar as dores;
- Usar próteses e separador de dedos para mantê-los bem posicionados e
retardar ou impedir a evolução do quadro, o que não corrige a
deformidade;
- Trocar os calçados diariamente, evitando atrito num ponto único na pele;
- Se nada resolver, a cirurgia está bem avançada, sem os mitos de dor e recaídas do passado.
A cirurgia para correção do joanete sofreu várias inovações nos últimos
anos, segundo a ortopedista. As técnicas mais modernas, além de serem
muito mais eficazes, dispensam o uso de gesso, o que facilita a
reabilitação. A queixa de dor é mínima, já que a anestesia utilizada,
além de minimizar as complicações, promove uma analgesia muito mais
prolongada no período pós-operatório.
O procedimento exige alguns cuidados e o uso de calçado fechado só é
permitido após 40 dias de cirurgia. Neste intervalo, o paciente deambula
com um calçado apropriado que proporciona o apoio somente no calcanhar.
Pode ser usada a sandália de Baruk (pós-operatória) ou o
robofoot (bota
imobilizadora) - concluiu Ana Paula.
Os médicos não recomendam a cirurgia por questão de estética, apenas
quando a deformidade no pé é acompanhada de dor intensa. Tomados todos
os cuidados e seguindo as recomendações, o atleta poderá praticar, aos
poucos, a sua atividade física.