segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A MUSCULAÇÃO E O MONSTRO


Corram, protejam-se, escondam-se porque vem aí àquele que é deformador, encurtador de crianças e adolescentes, masculinizador de mulheres, matador de velhinhos: A musculação.

Entre nós profissionais da área, acreditar nessas histórias seria como crer no mundo do Senhor dos Anéis, Matrix e coisas do gênero. Mas enquanto você ri, tenha convicção que uma boa parte da população leiga e até mesmo alguns profissionais de saúde, acreditam e levam a sério tais fantasias. São pessoas que vivem alheias ao conhecimento científico e que de um modo geral não possuem contato com profissionais de educação física ou com ambientes onde é praticado exercício físico sob supervisão.

Freqüentemente leio textos na mídia impressa e digital onde observo pessoas de todos os tipos manifestarem medos absolutamente irracionais sobre a prática da musculação. Embora haja riscos inerentes as três modalidades de exercício físico existentes, temer a prática de qualquer exercício é irracional porque o verdadeiro risco, que deveria ser o foco de preocupação por parte do público é a falta de acompanhamento de um profissional de educação física competente e não o exercício em si.

Devemos sim temer o fato de pessoas se exercitarem sem acompanhamento profissional. Esse é o verdadeiro risco e perigo, e portanto um temor racional. É bastante comum ver médicos e fisioterapeutas debatendo exercício físico junto a seus pacientes sem que haja qualquer menção a figura do profissional de educação física. Como se essa discussão do exercício sob supervisão de um profissional fosse irrelevante.

A prática de exercício sempre será minimamente segura na medida em que ela é prescrita e orientada por um profissional da área. Paradoxalmente, apesar de a musculação ser a mais segura entre as três modalidades de exercício, ela é a única que provoca temores irracionais nas pessoas. Ela é o culpado perfeito, o bode expiatório por excelência quando algo acontece e não se compreende a razão.

Na contramão, as outras duas modalidades, exercício aeróbio e de flexibilidade desfrutam de uma reputação de mocinhos, inofensivos, solução para todos os problemas, sem contra indicação, na visão do público leigo.

Precisamos acima de tudo do exercício crítico para exorcisar e combater aquele que creio ser o verdadeiro monstro que existe dentro de todos nós: A ignorância. Esse monstro às vezes é tão feio que é difícil de suportar.

Paulo Augusto M.Cesar Jr.

CINTURA LARGA AUMENTA O RISCO DE MORTE PREMATURA.


Um estudo realizado nos Estados Unidos indica que pessoas que têm cintura larga têm uma chance maior de morte prematura, independentemente do IMC (índice de massa corporal, que mede a relação entre peso e altura).

A pesquisa da American Cancer Society sugere que cinturas maiores do que 110 centímetros nas mulheres e 120 centímetros nos homens dobram o risco de mortalidade em relação aos homens com cinturas menores do que 90 centímetros e mulheres com cinturas menores do que 75 centímetros.

Os pesquisadores analisaram dados de mais de 100 mil homens e mulheres com mais de 50 anos ao longo de nove anos.

O estudo também sugere que, entre as mulheres, a ligação entre cintura larga e maior risco de morte é maior entre aquelas com peso considerado normal.

Entretanto, os autores da pesquisa dizem mais estudos são necessárias para determinar a causa dessa relação entre cintura larga e mortalidade.

Causa de morte

O estudo, divulgado na publicação especializada Archives of Internal Medicine, analisou dados de 48.500 homens e de 56.343 mulheres, predominantemente brancos. No início do estudo, a idade média dos homens era de 69 anos, e das mulheres, 67.

Durante os nove anos do estudo, 9.315 homens e 5.332 mulheres morreram.

Os pesquisadores notaram que o risco de morte aumentava conforme o aumento da circunferência da cintura, independentemente de a pessoa ter peso normal, estar acima do peso normal ou de ser obesa.

A análise indicou um aumento significativo do risco entre os homens com cinturas maiores do que 110 centímetros ou em mulheres com cinturas a partir de 95 centímetros.

Mas apenas em homens e mulheres com cinturas muito largas (acima de 120 centímetros para homens e acima de 110 centímetros para mulheres) o risco de morte dobrou.

A causa mais comum de morte foi insuficiência respiratória, seguida de doenças cardiovasculares e depois câncer.

"Nossos resultados sugerem que, independentemente do peso, evitar o aumento na circunferência da cintura pode reduzir o risco de morte prematura", conclui o estudo.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DE ESPORTES DEPOIS DOS 50 ANOS


Mais idade, mais corrida, mais saúde

A expectativa de vida vem aumentando e pessoas mais velhas descobrem, cada vez mais, os benefícios da prática de esportes, principalmente da corrida, para garantir a qualidade de vida

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os brasileiros estão vivendo mais. A expectativa de vida é de 68 anos e, em 2020, estima-se que sejam 30 milhões de pessoas com mais de 65 anos, 13% da população.

Esse crescimento traz, junto, a preocupação em manter saúde e qualidade de vida em qualquer idade.

Segundo o Institute for Social and Economic Research Essex University, os jovens gastam menos tempo com atividades físicas que os mais idosos. Britânicos entre oito e 19 anos gastam 25 minutos diários a menos com exercícios em relação aos com mais de 65 anos, e enquanto apenas 12% dos mais velhos são inativos, 22% dos jovens entre oito e 35 anos não fazem mais do que dez minutos de exercício por dia.

“A atividade física não reverte o envelhecimento, mas o desacelera”, diz Rosemary Rauchbach, mestre em atividades físicas pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e gerontóloga pela Sociedade Brasileira de Geriatria.

Com o tempo, as mudanças

Com os anos, uma série de alterações fisiológicas modificam o funcionamento do corpo. A principal é a perda da força muscular, que primeiro se dá na perna (quadríceps). Além das perdas estruturais, de tamanho e diâmetro de fibras, os músculos perdem conexão com o sistema nervoso e vascular, deixando-os inativos.

Com os músculos, perde-se também a capacidade aeróbia (uma caminhada, por exemplo, torna-se anaeróbia, sem metabolismo de oxigênio, e é preciso parar para descansar várias vezes).

Importante para o funcionamento muscular, o tecido conjuntivo também sofre. “Tudo que é formado por ele [cartilagens e tendões] perde elasticidade, fica mais rígido e menos fluído, dificultando o supor te de impactos”, explica Rosemary.

Lucas Samuel Tessutti, mestre em biologia funcional e molecular pela Unicamp (Universidade de Campinas) e doutorando do LABEX (Laboratório de Bioquímica do Exercício) na mesma universidade diz que, com a idade, diminui a capacidade neuromuscular, cardiovascular e endócrina. Nas mulheres, a redução da produção de estrógeno com a menor produção dos hormônios LH
(luteinizante) e folículo-estimulante (FSH) ainda traz outros problemas.

“Aos 48 anos, tinha osteoporose avançada e a recomendação de caminhar. Os resultados eram lentos e decidi acelerar os passos e correr. Curei a doença e guardo com carinho o último exame. A corrida me trouxe saúde, amigos e admiração”, diz Luzia Paduim Silva, 60.


Comece já!

Segundo levantamento realizado pelo Datafolha, o sedentarismo, associado a uma dieta inadequada, é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, que matam 300 mil pessoas por ano no país. Para Sérgio Perez, doutor em Ciências pela USP (Universidade de São Paulo) e membro do laboratório de fisiologia do exercício da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), parte das doenças crônico-degenerativas (como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão arterial e artrose) estão relacionadas aos prejuízos circulatórios.

Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia e da Universidade Estadual da Califórnia acompanharam 91 corredores entre 50 e 60 anos para analisar se a corrida influenciava a redução de fatores de risco para contrair doenças cardiovasculares. A conclusão é que, durante o treinamento, os valores de pressão arterial, colesterol, triglicérides e glicose sanguínea são inferiores (e superiores para os níveis de HDL, o bom colesterol) em comparação aos valores de indivíduos sedentários da mesma idade.

Por isso, não importa a idade, é hora de calçar o tênis e correr. Prova disto é que recentemente o canadense Ed Whitlock, aos 73 anos, fez 2h54min48s em uma maratona, tornando-se o primeiro homem com mais de 70 anos a finalizar os 42 km em menos de três horas.

Matéria da revista Sports Medicine mostrou os resultados de uma pesquisa realizada com atletas de alto nível depois que deixaram as pistas,e verificou que a perda da capacidade cardiovascular (consumo máximo de oxigênio – VO2 Máx) é maior para os que pararam de treinar.

A cada década o declínio da capacidade cardiovascular é de 0,5% para indivíduos treinados, 1% para indivíduos moderadamente treinados e 1,5% para indivíduos não-treinados. Ou seja, a perda cardiovascular é três vezes maior para aqueles que se tornaram sedentários.

“A capacidade oxidativa (aumento do tamanho e no número de mitocôndrias – produtoras de energia, aumento do tamanho e da quantidade de capilares sanguíneos e do número de fibras lentas) tende a ser menor com o envelhecimento, mas permanece mais alta após um período de treinamento”, explica Tessuti.

Além da saúde, a corrida traz ainda o benefício estético. “O envelhecimento da pele é causado pela diminuição da produção do colágeno”, explica Christiana Moron, mestre em dermatologia pela USP, membro da Academia Americana de Dermatologia e do Instituto Vita. Mas a atividade física regular e de intensidade moderada ativa a circulação sanguínea e estimula a produção de colágeno, minimizando o processo.

TREINAR EM PLATAFORMA VIBRATÓRIA "NÃO" TRAZ MELHORA NO RESULTADO DO TREINO.


Novo equipamento da moda no Brasil, a plataforma vibratória promete reduzir o tempo de um exercício de 60 para 12 a 15 minutos e ainda emagrecer, fortalecer os músculos e melhorar a capacidade cardiovascular. Apesar disto, não existem estudos que comprovem a eficácia do treinamento em superfícies oscilantes.

“A maioria dos estudos não mostrou maior eficiência em relação a um método convencional para ganho de massa ou perda de peso. Já o treinamento de flexibilidade feito após a exposição à vibração apresentou maior eficiência, assim como foram observadas melhoras na força e potência musculares em pessoas idosas ou com baixo nível de treinamento”, conta Mauro Batista, do Laboratório de Adaptações Neuromusculares ao Treinamento de Força da EEFE-USP, onde faz estudos com as plataformas.

A melhora na força em idosos também foi relatada por Marco Cardinale, um dos precursores em estudos de treinamentos sob vibração, segundo Rodrigo Ferraz, Coordenador preparação física Nutriaid.

“No Congresso Europeu de Ciências do Esporte, um dos melhores congressos sobre atividade física mundial, em 2008, Marco Cardinale mostrou dados que em pessoas sedentárias ou atletas não existe melhora alguma, tanto para força quanto para emagrecimento”, explica Ferraz.

O equipamento também é usado para tratar pacientes com dores e limitações. “Apesar de muitos pacientes terem restrições, em doentes com dor crônica não há resultados notáveis em relação à redução peso”, conta Marco leme, nutricionista do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP.

A plataforma vibratória é utilizada há aproximadamente 20 anos nas academias da Europa e dos EUA. Ela proporciona vibração para os músculos enquanto a pessoa pratica atividade física. O equipamento simula os movimentos da caminhada e faz com que os músculos se contraiam.