sexta-feira, 16 de setembro de 2011

QUANDO O EXERCÍCIO DERRUBA NOSSAS DEFESAS


O porte e, acima de tudo, a capacidade para superar provações físicas hercúleas dão a impressão de que um atleta não teria problema para sobrepujar vírus e bactérias que o desafiem. Esse senso comum ganha mais força com as claras evidências científicas de que a prática regular de atividade física fortalece o exército que combate microorganismos oportunistas. "Porém, dados epidemiológicos mostram que esportistas profissionais são três vezes mais suscetíveis a doenças infecciosas, principalmente as do trato respiratório", revela Tânia Pithon-Curi, educadora física da Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo.

Em busca de respostas ao enigma acima, Tânia fez ratinhos correrem em uma esteira até a exaustão. Depois, analisou os chamados neutrófilos, células brancas com a habilidade de englobar e, assim, neutralizar invasores maléficos. A descoberta é surpreendente: uma única sessão de treino intenso foi capaz de estimular a apoptose, uma espécie de suicídio, desses pequenos soldados. "Normalmente, esse mecanismo serve para reciclar as defesas. Só que, quando ele é acelerado, o organismo fica em déficit por não conseguir produzir novas células na mesma velocidade", explica a pesquisadora. Resumindo, esforço físico demasiado diminui a resistência contra gripes, resfriados e companhia.

Quando falamos em exagero, não abordamos apenas quem vê a atividade física como profissão. Indivíduos que acabaram de trocar o sofá pela academia podem causar danos a si próprios com cargas que não fariam mal a outros mais condicionados. "O limite depende de fatores como o preparo físico, a idade, o sexo e até a alimentação do dia. Por isso o acompanhamento de especialistas é tão importante", relata o fisiologista Orlando Laitano, da Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Pernambuco.

Cruzar a linha individual entre uma prática física moderada e outra extenuante também eleva a concentração dos radicais livres, moléculas que, em altas doses, são nefastas ao sistema imune. "Além disso, eles aumentam as inflamações e o risco cardiovascular", afirma Cláudia Cavaglieri, fisiologista da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Isso sem contar que contribuem para o aparecimento de tumores.

Já está claro que não faltam motivos para evitar um abuso. As questões que ficam, no entanto, são se cada estrutura do corpo teria limites diferentes e se alguns deles poderiam ser extrapolados sem percebermos. Em outras palavras, nossa defesa contra vírus e bactérias pode se cansar antes do coração e, a partir daí, começar a sofrer silenciosamente? "O tema é controverso, mas há uma nova teoria de que, quando uma parte específica do organismo apresenta sobrecarga intensa, o sistema nervoso central sinaliza com fadiga generalizada", informa Laitano. Acreditando ou não nessa hipótese inusitada, os especialistas são unânimes em afirmar que dificilmente a exaustão e os problemas decorrentes dela afetem qualquer área ou função corporal antes do surgimento de sinais como dificuldade para respirar e cansaço da musculatura.

Avance no treinamento sem correr riscos Por um lado, o limiar da moderação precisa ser respeitado. Por outro, ele deve ser, aos poucos e com orientação, empurrado para a frente. "Se a intensidade ou a duração do exercício não são modificadas ao longo dos meses, ocorre uma adaptação do organismo. O que antes era adequado pode se tornar leve demais e, com isso, menos benéfico ao corpo", esclarece a educadora física Tânia Pithon-Curi.

Logo após deixar o sedentarismo, o correto é investir em práticas brandas. "Nessa etapa, é preferível focar no tempo de exercício do que na sua intensidade", complementa Páblius Braga, médico do esporte do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. Em vez de correr por 15 minutos, tente caminhar por meia hora, por exemplo. Isso, além de promover melhoras expressivas, ainda diminui a incidência de lesões.

É essencial que o ajuste do treino seja constante nos primeiros 60 dias de ralação — de preferência, o educador físico precisa verificar o progresso da pessoa quinzenalmente. Durante esse período inicial, o ganho de força e de resistência é rápido graças a adaptações dos próprios nervos que se localizam nos músculos, inclusive no cardíaco. Depois disso, vale consultar quem está prescrevendo a malhação pelo menos a cada quatro meses. O médico também faz parte dessa história: o ideal é realizar um checkup completo anualmente para verificar eventuais anomalias. Com supervisão profissional e um pouco de calma, você chega lá — sem tropeços, tosses e espirros pelo caminho.

Na medida certa
Só os experts podem prescrever o exercício ideal para cada um. Contudo, há sinais que indicam quando o esforço está aquém ou além do desejado

Nem de menos
Se durante uma atividade física o corpo não mostra nenhum sinal de cansaço, talvez seja bom apertar ligeiramente o passo. Ausência de suor ou da sensação de relaxamento após a prática também indicam uma intensidade leve demais.

Nem a mais
Fique esperto com taquicardias, dificuldades para respirar, tonturas, insônia... "Inchaço, dores insistentes e vermelhidão nas articulações são outras mostras de que o ritmo está elevado", acrescenta o ortopedista Lafayette Lage, de São Paulo.

Fique de olho
Entenda por que certas condições exigem um cuidado especial com a atividade física

Obesidade
A união entre gordura de sobra e passadas vigorosas demais pesa nas articulações e ainda gera processos inflamatórios.

Diabete
Os medicamentos usados para controlar os níveis de açúcar no sangue, associados ao alto consumo de glicose de uma prática extenuante, podem culminar em hipoglicemia.

Asma
Se o pulmão trabalha em excesso para garantir oxigênio, o risco de uma crise sobe. O asmático sempre deve carregar sua bombinha durante o exercício.

Problemas cardíacos
Um coração fragilizado, quando exigido além da conta, pode falhar. Nesses casos se recomendam exercícios pouco intensos e prolongados.

Na dose ideal...
...os esportes asseguram benesses do último fio de cabelo até a ponta dos pés

Cabeça: eles incrementam a circulação sanguínea no cérebro, diminuindo o risco de derrames, e ainda ajudam a criar neurônios, o que garante uma maior capacidade cognitiva.

Coração: os exercícios mantêm todos os vasos em forma. Isso evita que o músculo cardíaco trabalhe arduamente para conseguir bombear sangue para todo o corpo.

Câncer: a modalidade esportiva favorita de um indivíduo, além de aplacar o estresse, fator de risco para o mal, controla hormônios que favorecem os tumores.

Diabete: o próprio emagrecimento já diminui a resistência à insulina. De quebra, a atividade física regular facilita a entrada de glicose nas células.

Ossos: eles são ativados pela movimentação muscular. Para aguentar a ligeira sobrecarga, tornam-se densos e fortes, o que afasta a osteoporose.

Em excesso...
...a atividade física perde seu potencial benfeitor e vira risco a inúmeros transtornos

Cabeça: a grande presença de hormônios do estresse decorrentes do exagero provoca dores e dificuldade para raciocinar. Em casos extremos, podem favorecer um acidente vascular.

Coração: se sua frequência fica para lá de alta por muito tempo, o músculo cardíaco se desgasta de tal forma que pode se degenerar — é o processo de um infarto.

Câncer: ao consumir toda a energia do corpo, faltam forças para combater a doença. Isso sem contar que um sistema imune fraco não lida com o tumor adequadamente.

Diabete: o diabético tem um risco aumentado de desenvolver transtornos cardíacos. A probabilidade sobe mais ainda quando ele extrapola no exercício.

Ossos: um esforço homérico altera o equilíbrio de hormônios responsáveis pela produção de massa óssea. Com isso, a ossatura fica frágil e propensa a fraturas.

ALIMENTAÇÃO CERTA, VIDA LONGA


Comidas podem ser venenos ou remédios, a ciência nessa área está muito avançada, que gordura bloqueia as artérias e carne vermelha em excesso é ruim para o coração, e que carboidratos hoje são a maior preocupação para quem deseja emagrecer e manter níveis de saúde elevados, já é de conhecimento geral a muito tempo. Ingerir frutas, verduras e legumes, é sempre bom para a saúde e isso também não é novidade.

O que existe de novo são alimentos que funcionam como verdadeiros remédios e não apenas nutrientes. Novos artigos científicos nos mostram que com essa dieta baseada nesses alimentos considerados remédios podem reduzir drasticamente ( em mais de 75%) o risco de se contrair câncer e problemas cardíacos diversos, obviamente somente no caso de pessoas que não fumam e praticam atividades físicas regulares.

Michael Roizen, médico americano e fundador do RealAge Institute que estuda saúde e metabolismo humano, acredita que uma boa dieta pode rejuvenescer uma pessoa em até vinte anos. Roizen é autor do livro Idade Verdadeira, que vendeu mais de 3,5 milhões de cópias e foi traduzido em 22 idiomas. Ele desenvolveu cálculos que levam em conta dados epidemiológicos e estatísticas de longevidade, obtendo assim uma taxa de risco para calcular o peso dos hábitos alimentares sobre a saúde o indivíduo. Dependendo desse resultado, esse indivíduo pode estar em contato com doenças mais facilmente, ou doenças relacionadas a idade real apresentada, conceito este desenvolvido pelo médico, que independe da cronologia. Ao longo de cinco anos, Roizen e sua equipe examinaram 25 000 estudos científicos relacionados a hábitos alimentares, saúde e longevidade. Sua conclusão: "De todos os fatores que afetam o envelhecimento, a dieta é o mais importante".

ROMPIMENTO DE LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR


A lesão que preocupa os jogadores de futebol.

O Joelho possui uma articulação formada por 3 elementos ósseos: o fêmur, a tíbia e a patela (antigamente conhecida como rótula). Em decorrência da solicitação deste segmento corporal nas atividades de vida (sentar-se, levantar-se), nas atividades desportivas (futebol, corrida), nas atividades relacionadas ao trabalho (ocupacionais), na sustentação do corpo, entre outras, observa-se um grande número de queixas envolvendo esta articulação.

O ligamento cruzado anterior (LCA) está localizado na parte central da cápsula articular do joelho. Durante a flexão o feixe antero-medial tensiona-se e o feixe póstero-lateral relaxa, sendo que esse processo é invertido durante a extensão do joelho. O LCA é um restritor primário do joelho e sua principal função é impedir a translação anterior da tíbia em relação ao fêmur. O mecanismo de lesão do LCA ocorre, geralmente, por um trauma súbito, com rotação de joelho estando com o pé fixo no chão, gerando um stress suficientemente grande para ocorrer ruptura total ou parcial do ligamento.

O diagnóstico correto de lesão ligamentar pode ser verificado por meio de uma anamnese e exame físico detalhado. Também são feitos alguns testes especiais para comprovar a lesão. Os testes mais conhecidos para LCA são: o de Lachman, o de Gaveta Anterior e Pivot Shift. Exames como radiografia e ressonância magnética auxiliam na comprovação da lesão ou fraturas no joelho. Uma deficiência do LCA permite o desenvolvimento de condutas baseadas em métodos operatórios e não operatórios para o tratamento.

O método conservador deve ser iniciado o mais rápido possivel, evitando a a dor e a inflamação, restabelecendo amplitude de movimento e controle muscular contra novas agressões (recomendado a crioterapia, exercícios de flexo-extensão de joelho assistidos, alongamentos musculares e uso de muletas para descarga parcial de peso). Na fase crônica o início do tratamento é realizado apos atingir as metas anteriores e inclui: treinamento muscular (cadeia cinetica aberta e fechada), treinamento neuro muscular (proprioceptivo) e melhora da habilidade motora.

Já no tratamento pós cirúrgico o objetivo da fisioterapia, na maioria dos casos, será o de controlar a dor e edema, melhorar a amplitude de movimento, impedir a atrofia muscular e iniciar precocemente a marcha. Depois incluir a melhora de força muscular, da propriocepção, de equilíbrio, agilidade e exercícios específicos para o esporte. Eles devem ser realizados para fornecer um excelente retorno às atividades de vida bem como esportivas.